segunda-feira, 16 de setembro de 2013

BANDA YPUARANA NÃO É FANFARRA. Diz o coordenador de bandas do Agreste Paraibano

A ‘Ypuarana’, de Lagoa Seca, não é uma fanfarra e se acaso participar de alguma competição oficial será desclassificada exatamente por não reunir as características inerentes, revelou o maestro Flaviano Cavalcante, sub-coordenador de bandas escolares da rede estadual de ensino, presidente do Conselho Fiscal e Gerente de competições da Associação das Bandas Marciais e Fanfarras do Agreste Paraibano (ABAMFAF).
Maestro Fláviano convive há 32 anos entre bandas e fanfarras

Profundo conhecedor do segmento de bandas e fanfarras, com 32 anos de convivência no meio, dos quais 21 na condição de maestro, Flaviano, que também é 1º secretário da APBF, antiga AMERIFA (Associação Paraibana de Bandas e Fanfarras, Regentes e Instrutores), além de ser o representante legal na Paraíba da CNBF (Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras), diz que o figurino do corpo coreográfico apresentado pela ‘Ypuarana’ no desfile do Sete de Setembro em Campina Grande não estava adequado e contrariou as normas da CNBF. “Guardadas as devidas proporções, é como se fossemos à missa de biquine”, comparou.
As declarações do maestro foram postadas no Facebook e merecem a devida atenção, razão pela qual A PALAVRA as reproduz na íntegra, a seguir:
“Apenas a titulo de informação para a Assessoria da Prefeitura de Lagoa Seca, da qual tenho o maior respeito, mesmo sem conhecê-los, preciso fazer algumas observações:
1 – Modestamente falando, sou profundo conhecedor do segmento de Bandas e Fanfarras, com 32 anos de convivência no meio, dos quais 21 como maestro. Conheço a Banda Ypuarana, assim como o trabalho de Sinval e Ideval e, que fique claro, tenho respeito pelos dois e pela banda.
2 – Atualmente sou sub-coordenador do projeto de bandas escolares da rede estadual de ensino, sou presidente do conselho fiscal e gerente de competições da ABAMFAP (Associação das Bandas Marciais e Fanfarras do Agreste Paraibano), 1º secretário da APBF “antiga AMERIFA” (Associação Paraibana de Bandas e Fanfarras, Regentes e Instrutores) entidade filiada e representante legal da CNBF (Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras) no estado da Paraíba, e fui por 6 anos vice presidente da Federação Paraibana de Bandas e Fanfarras e por 2 anos membro do conselho fiscal da CNBF.
3 – O que diferencia, tecnicamente falando, um tipo, uma categoria de corporação, da outra é realmente o seu instrumental, e nesse contexto, de acordo com as normas e diretrizes da CNBF, e de todas as federações, associações, ligas, ou quaisquer outros órgãos ou entidades que tratem do segmento de bandas no Brasil, a Banda “Fanfarra” Ypuarana NÃO É uma fanfarra, pois utiliza em seu instrumental melódico Trompetes e Trombones, que são característicos de uma BANDA MARCIAL, inclusive já falei isso algumas vezes ao seu maestro Sinval para que se mude a nomenclatura da banda. Da forma como está, se a banda Ypuarana participar de algum evento competitivo, como por exemplo um concurso, ela será desclassificada, mesmo antes de se apresentar, pois está inscrita como Fanfarra, tendo um estandarte que a identifica como Fanfarra, mas com instrumentos de uma Banda Marcial.
4 – O fato de ter um grupo de integrantes que dançam (ou participam de uma determinada coreografia) não diferencia em nada uma banda da outra, afinal qualquer banda, seja ela marcial, fanfarra, banda de percussão, banda de música, de acordo com a CNBF, pode e DEVE ter seu corpo coreográfico, o que ira enriquecer, visualmente, a apresentação da banda.
5 – Com relação as querelas acerca do figurino e coreografias, acho que devemos ser responsáveis por aquilo que fazemos, pela proposta de trabalho que queremos apresentar e pelas conseqüências que elas podem nos trazer, sejam elas boas ou más. Minha opinião particular é que o figurino do corpo coreográfico da banda não estava adequado, inclusive contrariando as normas e regulamentos da CNBF e de todas as demais entidades que se regem pela Confederação Nacional. Guardadas as devidas proporções, é como se fossemos a missa de biquine, muito embora ele (o figurino) e as coreografias estavam dentro da proposta de repertório que é uma marca da Banda Marcial Ypuarana, ou seja apresentar músicas que não tem um grau de dificuldade técnico elevado, porem que mexem com o “povão”.
6 – No tocante ao fato de a “Fanfarra” (na verdade Banda Marcial) Ypuarana ser considerada a “melhor” banda de sua categoria no estado, devemos levar em consideração alguns pontos, eis:
6.1 - É a melhor banda em relação a qual, ou quais outras bandas?
6.2 - Quais os critérios técnicos utilizados para essa avaliação e obtenção do resultado final que aponte essa superioridade sobre as demais corporações?
6.3 - A banda, ao menos, já concorreu em algum concurso, copa ou campeonato de bandas, sendo avaliada por uma banca de jurados tecnicamente qualificados e obteve colocação que possa credenciá-la como a melhor daquele evento específico?
O estado da Paraíba possui grandes corporações musicais, dentre elas a Ypuarana, porém conta com outras bandas que já conquistaram títulos e podem sim ser relacionadas entre as melhores, mesmo assim, nunca como a melhor.
Exemplos:
Banda Marcial SEDEC – J. Pessoa (tricampeã paraibana, bicampeã norte-nordeste e vice campeã nacional)
Banda Marcial Castro Alves – J. Pessoa (Tricampeã paraibana, bicampeã norte nordeste e Campeã Nacional)
Banda Marcial Soldados de Cristo – Campina Grande (Campeã do Concurso Rainha da Borborema de Bandas)
Banda Marcial Aprígio Veloso – SESI – Campina Grande (Vice campeã paraibana)
Banda Marcial de Gurinhém – Pentacampeã paraibana
Banda Marcial de Mogeiro – Bicampeã do Concurso Rainha da Borborema de Bandas e Campeã da Copa ABAMFAP de Bandas)
Fanfarra Parahybanda – Alagoa Grande (Campeã do Concurso Rainha da Borborema de Bandas)
Fanfarra Mario Vieira – Matinhas (Campeã do Concurso Rainha da Borborema de Bandas e da Copa ABAMFAP de Bandas)
7 – Por fim quero deixar claro: o segmento de bandas e fanfarras no estado da Paraíba, no Brasil e no mundo é muito maior do que se imagina e merece o respeito de todos. Desde nós que fazemos parte das corporações e levamos a imagem do nosso meio ao público em geral, passando pelos gestores que arcam com os custos de ter um grupo musical que carregue o nome de um povo, pois quando, por exemplo, a Banda Marcial Ypuarana se apresenta, carrega consigo o nome Lagoa Seca e seus quase 30.000 habitantes e da imprensa, termômetro permanente de nosso lado público, a quem reitero sua importância, pois ela sim, por muitas vezes, com seu olhar crítico, consegue ver coisas que aqueles que estão dentro, participando, se isolam e não conseguem enxergar a linha que divide o bom e o ruim, o certo e o errado.

Abraços ao povo de Lagoa Seca e torço pelo crescimento da Banda Marcial Ypuarana pois a conheço desde suas origens, lá nos anos 80, sobre a batuta de meu ex-maestro Roberto Araujo – Flaviano Cavalcante.”

a palavra

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